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  • Foto do escritorWesley Sa'telles Guerra

III Guerra Mundial, a necessidade de um antagonista no panorama mundial

Após os atentados de Paris e o aumento da intervenção militar internacional na Síria várias notícias ecoaram ao redor do mundo anunciando uma III Guerra Mundial, inclusive o Papa Francisco alertou sobre a iminência de uma guerra assim como outros líderes mundiais.

As ameaças do Estado Islâmico colocaram em alerta grande parte da comunidade internacional, até mesmo países fora do eixo de ação convencional do terrorismo islâmico – como por exemplo o México – aparecem em uma lista de possíveis alvos publicados em diversos jornais.

O desequilíbrio do cenário internacional afeta a recuperação da economia global e aumenta as assimetrias presentes no sistema. Havendo uma espécie de histeria coletiva em relação ao futuro da humanidade, fazendo necessário compreender a disposição das peças no complexo tabuleiro geopolítico e o papel desenvolvido por cada uma delas. Somente dessa forma podemos evitar negligenciar fatores importantes na formulação de políticas globais promovendo uma redução do atrito entre os diferentes players do panorama internacional.

A situação do Estado Islâmico não é muito diferente ao que ocorre com outros grupos fundamentalistas presentes no Iêmen ou na Nigéria, porém seu impacto na balança internacional foi indiscutivelmente maior devido a participação das grandes potências no conflito, ressuscitando incertezas nunca curadas da II Guerra Mundial e da Guerra Fria.

A Rússia volta ao cenário global como grande potência bélica decisiva não somente na questão da Síria, mas também no equilíbrio de todo Oriente Médio. O país tem forte influência sobre o Irã e as novas potências energéticas (Azerbaijão e Uzbequistão), além de uma posição forte e opositora em relação aos Estados Unidos e os países europeus, alimentada por outros focos de tensão como a questão da Criméia e as sanções econômicas.

A França mobilizada pelos resultados dos atentados do Charlie Hebdo e do 13 de Novembro conseguiu angariar maior apoio internacional atuando como símbolo de uma luta pseudo-civilizacional e cultural, mas ignorando os históricos problemas sociais e demográficos do país; assim como sua participação na criação dos atuais estados árabes do norte da África e do Oriente próximo e seu apoio durante anos à regimes autoritários que mantinham a integridade local e comercializavam suas commodities com a Europa.

Os Estados Unidos se prepara para as eleições presidenciais em meio a problemas de credibilidade e de estabilidade financeira e uma liderança global questionada por novos atores.

A Alemanha alinhada aos interesses da França entra na coligação criada por esta e depois de anos volta as armas, como a principal potência de uma Europa dividida.

Os demais atores também sofrem seus próprios problemas e mazelas. A China e o resto da Ásia são testemunhas do aumento da tensão regional, devido à expansão territorial chinesa, e o aumento das tensões entre Paquistão e Índia. Na África, o Boko Haram continua ampliando suas atividades e segundo a ONU alcançou uma dimensão praticamente imparável, o continente também sofre com a expansão do Estados Islâmico na região norte devido aos efeitos da Primavera Árabe, além dos líderes autoritários que se perpetuam em falsas democracias na África Subsahariana.

Por último na América Latina, uma mudança de alinhamento entre os países fragmenta a tão sonhada integração regional. A crise política e institucional do Brasil incapacita o país para exercer sua liderança e as mudanças e crises em parceiros próximos podem fragilizar mais ainda a situação da região pois a polaridade da mesma se divide entre o novo eixo geoeconômico do Pacifico e o tradicional eixo geoeconômico do Atlântico.

Desde a queda da hegemonia americana o mundo nunca antes tinha estado tão fragmentado e dividido e ao mesmo tempo globalizado. Mas essa globalização está interligando o sistema pelas fraquezas e não pela solidez de um mercado global saudável e indutor de mudanças, gerando assimetrias e tensões em diversos pontos simultaneamente.

A falta de um direcionamento claro, seja de um ator hegemônico ou de um mercado global funcional e prospero indutor de integração e sinergia mediante sua própria expansão, coloca em evidência a miopia dos atores internacionais em relação a seu próprio destino gerando movimentos contrários, aumento das tensões culturais, políticas e religiosas.

O mundo precisa de um norte a ser seguido! E esse Norte está sendo construído não sobre a existência de um país ou sistema baseado no estado de direito hegemônico, não sobre duas potências líderes…. Mas sobre o discurso de preservar o próprio estilo de vida ocidental, sendo um argumento fraco para manter o equilíbrio global pois este mesmo estilo de vida está sendo questionado dentro do mundo ocidental, devido a desigualdade social, a concentração de riqueza, o meio ambiente, os direitos civis.

Então surge a necessidade de criar um antagonista, mas a própria globalização limita que o mesmo seja definido amplamente pois não todos países respondem perante a mesma ameaça… E em um cenário onde não se sabe o que defender nem contra quem atacar pode ser realmente perigoso e representar o colapso do sistema internacional e uma consequente guerra, não baseada em cultura ou religião, mas em interesses.

Bibliografia

Zakaria, Fareed, The Rise of the Rest

Clausewitz, Carl von. Vom Kriege. Berlin: Dümmlers Verlag, 1832.

Nunes, Roberto Marcos. Maniqueismo: História, filosofia e religião, 2003.

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